A adesão da Argentina à Iniciativa Cinturão e Rota pode acelerar sua transição energética?
A adesão da Argentina à Iniciativa Cinturão e Rota pode acelerar sua transição energética?
março 15, 2022
O presidente Alberto Fernández anunciou, durante sua viagem à China, em fevereiro, a adesão da Argentina à Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, em inglês), além de assegurar investimentos que podem impulsionar a transição energética do país sul-americano. Por outro lado, os aportes podem acabar incentivando a indústria de combustíveis fósseis.
Há anos, a Argentina tem tido nenhum ou limitado acesso a mercados financeiros internacionais — uma situação que deve se manter devido à alta dívida pública do país. A nação, no entanto, recentemente fechou um acordo para a reestruturação da dívida com seu principal credor, o Fundo Monetário Internacional. Enquanto isso, o interesse da China como investidor na Argentina só faz crescer, com uma menção específica da transição energética no documento de adesão da BRI. [...]
Fontes do Ministério da Economia relataram ao Diálogo Chino que o interesse argentino está na capacidade financeira da China, mas lembram que existem diferenças entre o investimento estrangeiro direto — no qual a empresa privada assume o risco do projeto — e o empréstimo soberano, no qual o risco é transferido para o Estado argentino. Como tal, apenas parte da moeda estrangeira fica no país, enquanto a outra parte, na China.
Marcelo Kloster, presidente da estatal de energia argentina Impsa, enfatizou que a incorporação da indústria do país na cadeia de valor do setor energético é outra questão a ser resolvida. O governo argentino quer apoiar as indústrias nacionais para que elas possam desempenhar um papel maior. A China está “mais aberta" à ideia, disse Kloster.
Ling Peitian, gerente-geral da Goldwind Argentina, disse que investir no país acarreta mais riscos do que em outros países sul-americanos devido à instabilidade regulatória, restrições cambiais e capacidade limitada de transmissão de eletricidade no país.
No entanto, isto não diminui a "atratividade muito alta" desse mercado, disse Ling ao Diálogo Chino: "Há excelentes recursos eólicos, potencial de crescimento, leis e regulamentações que apoiam o desenvolvimento de energia limpa. Além disso, os investimentos agora se enquadram na BRI, à qual a Argentina aderiu".