"Relatório da Volkswagen não satisfaz vítimas da Ditadura no Brasil-Ex-operários boicotam divulgação de estudo encomendado por montadora, que aponta colaboração, mas conclui que comportamento não era institucional", 16 de dezembro de 2017

A Volkswagen divulgou...[em 14 de dezembro]...relatório que detalha a colaboração da filial brasileira da empresa com o aparato repressivo do regime militar, que governou o país de 1964 a 1985...[e]...que a montadora foi "irrestritamente leal" aos militares e que seu próprio aparato de segurança patrimonial facilitou a identificação e prisão de funcionários "subversivos"...[T]ambém demitiu trabalhadores envolvidos com sindicatos e alimentou e compartilhou com outras empresas "listas negras" com nomes de funcionários...[N]ão foram encontradas provas de uma colaboração institucionalizada da montadora com a repressão estatal...A Comissão Nacional da Verdade (CNV) também já havia descrito em 2014 vários dos episódios de repressão relatados no documento...[O]...presidente do grupo no Brasil, Pablo Di Si, ressaltou que foi a primeira vez que uma montadora no país examinou sua história durante o regime. "Lamentamos profundamente os episódios que possam ter ocorrido naquele momento histórico em desacordo com os valores da empresa", disse. A companhia também descerrou na fábrica uma placa com uma homenagem genérica "a todas as vítimas da ditadura militar" e anunciou parcerias com ONGs...O episódio sinalizou que ex-trabalhadores perseguidos e a montadora ainda estão longe de...reconciliação...Um dos insatisfeitos é o ferramenteiro e ex-militante do Partido Comunista Brasileiro Lúcio Bellentani, de 73 anos,...torturado em 1972 por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em uma sala da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) – sob o olhar de seguranças da empresa...[:]..."O relatório é fraco, tem pouca documentação. Não acredito que a empresa tenha aberto todos os seus arquivos para o historiador. O documento não vai além daquilo que já tinham aparecido na perícia do Ministério Público Federal (MPF), que, aliás, era mais contundente"...O procurador do MPF Pedro Machado,...responsável pelo inquérito aberto em 2015,...indica que a divulgação não encerra o assunto e que a empresa deveria se empenhar mais em chegar a um acordo negociado...[A]pesar...[da]...imprensa publicar notícias de que a Volkswagen está negociando compensações, nenhuma proposta foi apresentada pela empresa ao MPF...[E]...pretende...juntar o relatório ao inquérito...