Brasil: Vídeos do YouTube que disseminam informações falsas tem anúncios de multinacionais; empresas informam que já tomaram providências
“Multinacionais têm anúncios em canais do YouTube que espalham mentiras sobre a Amazônia”, 28 de julho de 2023
Empresas multinacionais como Unilever, Mitsubishi, Panasonic e até a Unicef (fundo da ONU de defesa das crianças) veiculam anúncios de suas marcas em vídeos do YouTube que disseminam informações falsas sobre desmatamento e incêndios na Amazônia, mostra um relatório da organização Ekō.
O levantamento mostra que dezenas de empresas estão financiando, com seus anúncios, canais disseminadores de teses mentirosas sobre o meio ambiente, na maioria das vezes sem saber disso. Entre as empresas anunciando nesses vídeos do YouTube estão também Pão de Açúcar, Quinto Andar, Evino, Localiza e Eucerin.
...Os anunciantes no YouTube podem bloquear, antecipadamente, anúncios em determinados canais...
O levantamento da Ekõ...encontrou 50 vídeos —31 deles monetizados — contendo desinformação, dados fora de contexto ou teorias da conspiração relacionadas à Amazônia e às mudanças climáticas. Esses 50 vídeos alcançaram 4 milhões de visualizações e veicularam publicidade de 120 anunciantes diferentes.
Procurado, o YouTube afirmou que os vídeos do levantamento não violam suas políticas. A plataforma proíbe a monetização de conteúdo e anúncios que contradizem o consenso científico sobre a existência e as causas das mudanças climáticas. "Isso inclui material que se refere às alterações no clima como se fossem mentira ou um golpe, afirmações negando que as tendências de longo prazo mostram um aumento na temperatura global, e dizendo que as emissões de gases do efeito estufa ou as atividades humanas não contribuem para esse cenário."
A plataforma disse ainda que continua permitindo anúncios e a monetização de outros temas relacionados ao clima, como debates públicos sobre políticas climáticas, impactos dessas mudanças, e pesquisas recentes.
A Ekõ criticou a política do YouTube. "O Google [dono da plataforma de vídeos] deve revisar e ampliar sua definição de desinformação climática, que atualmente é muito restrita. A definição atual não consegue abranger toda a gama de conteúdo prejudicial que obstrui a ação global para combater as mudanças climáticas", diz o relatório...