Brasil: Comissão Pastoral da Terra lança relatório anual & destaca aumento da violência no campo e dos conflitos pela água
"Lançamento do relatório anual da CPT destaca o aumento da violência no campo e dos conflitos pela água Publicado", 7 Junho 2018
A atividade teve início com a palavras de Dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB, que destacou a manutenção da violência no campo. Já Dom André, presidente da CPT, chamou a atenção para a importância do trabalho de documentar todos os anos esses dados e da significativa denúncia que eles representam...Carlos Walter Porto-Gonçalves, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF)...[:]..."A qualidade e o rigor que esses dados são tratados são inquestionáveis...É o contraponto da ideia de que o agro é tudo...O conflito pela água em Correntina, é a mudança no uso da terra. As populações sempre usaram a água da superfície e já não podem mais usar. A população em desespero ocupa uma fazenda de ponta e quebra tudo. Como dizem os zapatistas, há raivas que são dignas. A água tinha que ter um destino digno"...[M]ais de 60% dos conflitos pela água foram protagonizados por mineradoras. 33 conflitos, 17%, aconteceram no contexto das hidrelétricas. Outros 26 conflitos, 13%, em áreas dominadas por fazendeiros. No contexto dos conflitos pela água, em área de mineradora, registrou-se um assassinato em Barcarena, Pará. Fernando Pereira, liderança da Comunidade de Jardim Canaã, fortemente impactada pela operação da mineradora Hydro Alunorte, e membro da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia - Cainquiama, foi assassinado a tiros no dia 22 de dezembro de 2017. A organização estava envolvida na denúncia de conflitos fundiários na região e no combate aos crimes socioambientais protagonizados pela Hydro, que explora bauxita para produção de alumínio...Adalgisa Maria de Jesus, a dona Nena, trouxe o depoimento do levante popular de Correntina, na Bahia...Desde 2015 há um crescimento exponencial da violência no campo...Para a subprocuradora da República, Débora Duprat, "a ruptura do pacto constituinte de 2015, com a ascensão do governo Temer já iniciou suas ações levando as questões agrárias para a Casa Civil, tirando a expertise de quem sempre trabalhou com esses temas e levando para a esfera política as questões técnicas e específicas do campo. Da mesma forma fizeram com a Funai, colocando em risco o trabalho especializado que se precisa ter com essas questões"...