Brasil: Construção da ponte Brasil-Bolívia, para escoar produção do agronegócio não considera impacto ambiental em comunidades indígenas e desmatamento
“Ponte Brasil-Bolívia quer escoar produção do agro, mas não considera desmatamento e impacto nas comunidades”, 28 de março de 2024
O trajeto entre Porto Velho, capital de Rondônia, e Guajará-Mirim, município na fronteira com a Bolívia, faz esquecer que estamos na Amazônia...
É neste ponto da fronteira que o governo federal vai construir a ponte binacional Brasil-Bolívia, um pedido histórico do agronegócio brasileiro, uma das obras prioritárias do novo Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC)...conectando as regiões produtoras do Brasil e da Bolívia aos portos com saída para o Atlântico, na bacia amazônica, e para o Pacífico, principalmente nas cidades de Arica, no Chile, e Illo, no Peru.
Com um custo inicial de R$ 430 milhões e previsão de conclusão da obra em 2027, o projeto quer impulsionar o escoamento da produção do agronegócio em uma das regiões mais desmatadas da Amazônia. O principal objetivo é viabilizar a exportação brasileira a custos mais baixos para outros continentes e países, especialmente para China, que é o principal parceiro comercial da América do Sul e que está construindo a maior estrutura portuária do continente em Chancay...
A ponte é uma vértebra da espinha dorsal que vai finalmente ligar o Brasil a esses países e que envolve uma série de outros projetos de rodovias, ferrovias e hidrovias. A infraestrutura, de fato, é uma questão importante nessa região da Amazônia, mas a questão é que não se discute esse desenvolvimento dentro de um planejamento estratégico, em como ele vai se relacionar com as populações locais.
Essa economia financeira e logística prevista para o agro não leva em conta, pelo menos até agora, os riscos para a floresta e as comunidades tradicionais...
Nessa região, estão pelo menos 49 terras indígenas (TIs) e 86 unidades de conservação (UCs), incluindo territórios com presença de povos isolados em áreas que já estão invadidas, como é o caso das TIs Karipuna, Igarapé Lage e Uru-Eu-Wau-Wau; e das UCs Parque Estadual Guajará-Mirim e Reserva Extrativista Jaci-Paraná. A expansão de áreas produtivas do agronegócio na AMACRO tem intensificado os conflitos no campo nessas áreas protegidas, como é o caso da Terra Indígena Igarapé-Lage, a mais próxima do local onde será erguida a ponte...
Eva conta que o projeto não foi apresentado à comunidade e que muito menos se falou em consulta...