Brasil: 4 anos do desastre da barragem da Samarco, Vale e BHP no Rio Doce comunidades atingidas alegam que não há ainda reparação adequada
"Em quatro anos, um tijolo - Jornal A Sirene", 6 de novembro de 2019
Às vésperas de completar quatro anos do rompimento da barragem da Samarco/Vale/BHP Billiton, a Fundação/Samarco comemora a colocação do primeiro tijolo da primeira casa do reassentamento de Bento Rodrigues, em Lavoura. Após anos de divergências e de projetos malfeitos pela Fundação, o marco evidencia que o momento não é de comemoração, e sim de luta pelos próximos passos nas obras do novo Bento.
...As pessoas começaram a ficar doentes, então, para tirar a ansiedade, começaram a fazer as casas. A gente vem acompanhando e, pelo dia que assentou o primeiro tijolo, pouca coisa andou. A Renova chamou a Rede Globo, a comunidade, chamou sei lá mais quem, pra fazer a divulgação, mas a obra mesmo tá muito devagar. Eu vejo que eles agem assim, enrolando pra ganhar tempo. Devolver aquilo que eles tiraram de nós não é somente a casa, foram tantas outras coisas. Indenização justa, por exemplo, porque o que perdemos não tem preço, dinheiro nenhum paga.
Marquinhos Muniz, morador de Bento Rodrigues
...Nas audiências, a gente vê que as opiniões dos atingidos não são levadas em consideração. Estamos na audiência meramente como instituição figurativa, sem poder de voz. Eu percebo que nós estamos sendo usados para validar algo que já está previamente definido. O que as empresas vêm sempre pregando – isonomia, imparcialidade -, isso não tem acontecido. A gente lamenta, porque é um processo reparatório, não é nada que seja feito a título de bonificação, como se fosse algo que se faz para alegrar as pessoas, por assim dizer. O reassentamento é um ato de reparação por algo que foi retirado de forma criminosa, e essa reparação não tem sido feita de forma justa. A gente lamenta por esse espaço não ser democrático. Mas vamos continuar na luta, a gente não vai desistir.
Mauro Silva, morador de Bento Rodrigues