De acordo com a denúncia realizada por lideranças do povo indígena Tembé ao Ministério Público Federal, entre os dias quatro e sete de agosto, cinco membros da comunidade ficaram feridos após ataques que teriam sido perpetrados por seguranças da empresa Brasil BioFuels (BBF), produtora de óleo de palma (a maior da América Latina) e biocombustíveis.

No dia 04/08, Kauã Tembé teria sido baleado na virilha durante uma ação que a comunidade definiu como "ilegal e arbitrária" dos seguranças da empresa na aldeia Bananal, em Tomé-Açu, no nordeste do Pará.

Na segunda-feira seguinte, outros três indígenas teriam sido atingidos por disparos efetuados por seguranças da empresa quando membros da comunidade se aproximavam da sede da BBF para protestar contra o que ocorrera com Kauã Tembé. Daiane Tembé também teria sido ferida enquanto filmava, de dentro de seu veículo, as ações dos seguranças contra os indígenas. O episódio ocorreu pouco antes da chegada de uma missão especial coordenada pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) que visava apurar as denúncias de violações realizadas por indígenas durante mesa paralela dos “Diálogos Amazônicos”.

Durante a Cúpula da Amazônia, foi divulgada uma carta aberta redigida pela Associação Indígena Tembé do Vale do Acará (AITVA), na qual apontou-se que "esses ataques são frequentes e amplamente documentados por organizações internacionais, incluindo a ONG inglesa Global Witness e a Comissão ARNS, além de veículos de imprensa nacionais e internacionais". O texto responsabiliza a BBF por "desmatamento, poluição e expulsão de povos tradicionais de suas terras".

A empresa é divulgada pelo governo do estado do Pará como uma das grandes apostas relacionadas à bioeconomia e transição energética, com destaque para a produção de biocombustível para aviões.

O BHRRC convidou a Brasil BioFuels a comentar as alegações e a resposta está disponível.