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Artigo

5 Dez 2024

Author:
Repórter Brasil,
Author:
Mongabay

Brasil: Usinas que fornecem etanol para grandes companhias aéreas globais foram implicadas em escândalos recentes de trabalho escravo, diz relatório; com comentários das empresas

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Freepik

"Etanol vira opção ‘sustentável’ para setor aéreo, mas escravidão na cana preocupa", 05 de dezembro de 2024

...Em janeiro, foi inaugurada nos Estados Unidos a LanzaJet, primeira fabricante de combustível para aviação à base de etanol. A empresa, que tem a British Airways e a Southwest Airlines entre seus acionistas, deverá usar principalmente matéria-prima brasileira, e demanda de seus fornecedores uma certificação de sustentabilidade. Mas entre as empresas agraciadas com o selo há ao menos duas usinas envolvidas em escândalos recentes pelo uso de mão de obra escrava.

Os casos são abordados no relatório “Escravizados do etanol”, publicado hoje pela Repórter Brasil, que mostra ainda outras conexões inéditas entre multinacionais e fornecedores de etanol implicados em graves violações de direitos humanos.

Os investimentos crescentes no etanol brasileiro...coincidem com uma explosão de flagrantes de trabalho escravo em fazendas de cana...

...Aprovada em 2017, a Lei da Terceirização facilitou a arregimentação de trabalhadores rurais por empreiteiros independentes – os chamados “gatos” –, ao invés da contratação direta pelas usinas ou fazendeiros. Segundo especialistas consultados, a nova realidade rebaixa garantias e dilui responsabilidades pelas condições de moradia, alimentação e pagamento impostas aos safristas...

Uma das indústrias brasileiras certificadas para fornecer combustível de aviação é a Usina Coruripe. Em 2022, 18 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em canaviais que abasteciam exclusivamente a empresa em Minas Gerais. Uma inspeção do governo federal averiguou que eles foram instalados pelo contratante terceirizado em um alojamento precário, sem água potável ou camas, a 150 quilômetros da fazenda onde o grupo trabalhava.

... Além disso, toda a alimentação e itens necessários para a moradia eram comprados pelos próprios trabalhadores...

Um dos trabalhadores machucou o calcanhar durante o plantio e morreu duas semanas depois em decorrência de um choque séptico causado pela infecção...

Apesar da mão de obra ter sido arregimentada por um aliciador sem vínculos formais com a Usina Coruripe, os auditores responsabilizaram a empresa pelo caso de trabalho escravo. Procurada, a usina afirmou que “refuta categoricamente as acusações apresentadas”, e ressaltou que busca anular os autos de infração na Justiça. Também disse que a Polícia Federal instaurou inquérito sobre o caso e concluiu “pela inexistência dessa prática por parte da Usina Coruripe”. A resposta completa da indústria e das demais empresas citadas podem ser lidas no relatório.

Em 2024, a Usina Coruripe obteve o selo ISCC Corsia Plus, obrigatório para acessar o mercado de combustíveis para aviação...

A ISCC Corsia Plus não respondeu às tentativas de contato da Repórter Brasil. Já a LanzaJet, que usa o selo como critério para aprovar fornecedores, afirmou que mantém um “robusto código de conduta comercial em toda a sua cadeia produtiva”, incluindo elementos de direitos humanos auditados anualmente por agentes externos.

Outra usina agraciada com o selo, em outubro de 2023, foi a BP Bunge Bioenergia, uma joint venture entre a gigante do agronegócio Bunge e a petrolífera britânica British Petroleum (BP). A concessão ocorreu 7 meses depois de 212 trabalhadores terem sido resgatados em canaviais que abasteciam a empresa nos estados de Minas Gerais e Goiás...

Segundo a fiscalização do governo federal, os trabalhadores, em sua maioria migrantes, tinham que arcar com os custos da viagem, com o aluguel dos alojamentos e com a própria alimentação, o que contraria a lei trabalhista. Além disso, as moradias estavam em condições precárias, com vazamento de água nos telhados e sem chuveiros, além de paredes sujas, úmidas e mofadas.

Parte dos trabalhadores contou ainda terem sido atingidos, dias antes do resgate, por agrotóxicos lançados de avião sob as lavouras. Coceira, vômito e dor de cabeça foram alguns dos efeitos imediatos relatados.

As condições precárias foram classificadas como degradantes e incompatíveis com a dignidade humana, elementos que caracterizam o trabalho análogo ao escravo de acordo com a legislação brasileira...

Em resposta à Repórter Brasil, a BP Bunge Bioenergia afirmou que, assim que tomou conhecimento do caso de trabalho escravo envolvendo um terceirizado, “agiu rapidamente em defesa dos trabalhadores”, arcando com os pagamentos das indenizações dos resgatados. A companhia pontuou também que, depois do episódio, realizou mudanças em processos de plantio...