Brasil: Resgate de trabalhadores chineses em regime análogo ao de escravo mostra contradições do investimento da China no país
“Caso BYD expõe contradições do investimento chinês no Brasil”, 08 de janeiro de 2025
O termômetro registrava mais de 30ºC no início da manhã do dia 23 de dezembro de 2024, quando agentes de uma força-tarefa liderada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) resgataram 163 operários chineses do canteiro de obras da nova fábrica da gigante automotiva BYD em Camaçari, na Bahia. Segundo o MPT, eles trabalhavam em condições análogas à escravidão...
Procurada pela DW, a BYD afirmou que colaborou com as autoridades brasileiras e reforçou que não tolerará desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana.
Especialistas ouvidos pela DW dizem que o episódio mostra que empresas estrangeiras terão que se adequar às normas brasileiras – apesar da importância política da indústria...
A reação pública na China se dividiu entre ceticismo em relação a acusações estrangeiras e discussões sobre direitos trabalhistas no país.
Após o escândalo, a BYD e a contratada Jinjiang Group refutaram a acusação, rotulando-a como parte de uma campanha de difamação contra marcas chinesas...
O Jinjiang Group também divulgou um vídeo no qual trabalhadores chineses leem uma declaração, assinada com suas impressões digitais, afirmando que "ser injustamente rotulados como 'escravizados' deixou seus funcionários se sentindo profundamente insultados... a dignidade do povo chinês severamente prejudicada."
A narrativa foi ecoada pela mídia estatal e por muitos internautas chineses que caracterizam o escândalo como um desafio enfrentado por corporações nacionais que se expandem para o exterior.
Porém, houve críticas na China apontando que as condições de trabalho na fábrica da BYD no Brasil são semelhantes às dos trabalhadores da construção civil no país asiático. Isso gerou discussões online sobre quantos trabalhadores na China podem estar vivendo em condições análogas à escravidão pelos padrões internacionais...