Brasil: Atingidos vão a Londres buscar justiça três anos após o desastre no Rio Doce
Três anos após o colapso fatal da barragem do Rio Doce, atingidos e ativistas brasileiros foram a Londres para exigir que as comunidades atingidas sejam indenizadas e reassentadas.
Em 5 de novembro, atingidos e ativistas – incluindo assistentes sociais, consultores jurídicos e um líder indígena – realizaram um encontro com a multinacional anglo-australiana BHP Billiton, uma das controladoras da barragem, que resultou em um pedido de desculpas e na promessa de reuniões futuras.
Os ativistas também tiveram reuniões com importantes organizações da sociedade civil, investidores, imprensa e, ainda, com o UK's All-Party Parliamentary Human Rights Group.
“Esse encontro foi um momento decisivo para a comunidade, que esperou, por três anos, por medidas adequadas. Eles nunca haviam tido a chance de falar diretamente com a BHP HQ. Nós esperamos que esse seja o início de um diálogo mais direto e significativo entre a BHP e as comunidades afetadas pelo desastre do Rio Doce”.
- Leticia Aleixo, consultora da Caritas Brasil, que apoiou a visita dos membros da comunidade a Londres.
O rompimento da barragem de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015, foi o pior desastre socioambiental da história do Brasil.
A barragem inundou cidades locais com lama tóxica, matando, pelo menos, 19 pessoas, desabrigando outras centenas e poluindo o Rio Doce.
250.000 pessoas ficaram sem água potável, e muitas ainda aguardam pelo reassentamento.
Antes do encontro com a BHP Billinton, os ativistas caminharam com cartazes ao longo do Tâmisa até a Praça do Parlamento, onde rezaram e leram em voz alta os nomes das 19 vítimas.
“A BHP valorizou a oportunidade de escutar diretamente as pessoas impactadas pela falha na barragem de Fundão, e nós nos comprometemos a acompanhar suas demandas junto à Fundação Renova. Nós reiteramos nossas sinceras desculpas pelo rompimento da barragem e reafirmamos nosso comprometimento com a remediação e a compensação por meio da Fundação Renova.”
- Porta-voz da BHP Billiton
“Em relação aos protestos pelo aniversário de três anos do rompimento da barragem, a Fundação Renova compreende as preocupações legítimas dos atingidos e reafirma seu compromisso com o diálogo para a construção conjunta de soluções. A Fundação esclarece que as questões apontadas estão sendo tratadas com disposição, dedicação, transparência e comprometimento com a maior ação ambiental, social e econômica de recuperação em construção no país. Passos importantes foram dados na trajetória de recuperação em 2018. Iniciou-se a construção do reassentamento de Bento Rodrigues e R$ 1,2 bilhões foram pagos em indenizações e ajudas financeiras”.
- Fundação Renova, responsável pela remediação e compensação pelo rompimento da barragem.