Brasil: Bancos brasileiros lideram ranking global de financiamento para indústrias da soja e pecuária bovina, setores considerados antiambiental, diz relatório
“BB, Bradesco e Itaú lideram ranking global de financiamento antiambiental”, 21 de outubro de 2024
BANCO DO BRASIL (BB), BRADESCO E ITAÚ UNIBANCO lideram um ranking global das 30 instituições bancárias que mais concederam créditos para 159 empresas de produção de commodities com risco de desmatamento que operam na América do Sul, Sudeste Asiático e África Central e Ocidental entre janeiro de 2018 e junho de 2024.
Disparado na liderança, o BB destinou, nesse período, mais de 95 bilhões de dólares...Em seguida, vem o Bradesco (um total de mais de 14,5 bilhões de dólares) e o Itaú Unibanco (12 bilhões de dólares no total).
Os dados estão presentes no relatório “Financiando o colapso da biodiversidade. Rastreamento de bancos e investidores que impulsionam o desmatamento tropical”, divulgado na última quarta-feira (16) pela Coalizão Florestas & Finanças, aliança global de organizações da sociedade civil da qual a Repórter Brasil faz parte e que cobra o fim do financiamento a atividades predatórias em florestas tropicais.
O estudo analisou fluxos de créditos e participações em financiamentos a 300 empresas de seis setores de commodities – soja, carne, óleo de palma, papel e celulose, borracha, soja e madeira – cuja produção representa altos riscos de desmatamento de florestas tropicais, perda de biodiversidade e violações de direitos humanos...
Repórter Brasil, o BB afirmou que não financia empresas responsáveis por “dano doloso” ao meio ambiente e que possui “um framework de finanças sustentáveis totalmente alinhado ao Acordo de Paris e aos principais standards de sustentabilidade internacionais”. Diz também que “todas as operações de Custeio e Investimento contratadas pelo Banco passam por rigoroso processo de verificação Socioambiental”.
O Bradesco respondeu que todas as operações do programa de crédito rural do banco passam por um rigoroso processo de análise que contempla aspectos socioambientais e que cumpre integralmente todas as regras de concessão do programa. “A metodologia utiliza restritivos cadastrais para sinalizar riscos identificados a partir do cruzamento dos dados com listas públicas que dispõe sobre prática de crimes/danos socioambientais, monitoramento das áreas financiadas por satélite e visitas prévias de campo por engenheiros agrônomos para avaliação de financiamentos concedidos em áreas localizadas na região Amazônica, entre outras ferramentas de análise”, afirmou a instituição em nota enviada à reportagem.
O Itaú Unibanco, por sua vez, respondeu que segue “rigorosamente” o Código Florestal e que reafirma o compromisso com o cumprimento das leis e práticas socioambientais. “O banco mantém uma governança bastante criteriosa para a concessão de crédito para seus clientes corporativos, em especial aqueles com classificação prévia de alto risco, que passam por análises mais aprofundadas, com foco no risco socioambiental e climático”, afirma.
O Sicredi afirma que “possui processos e regras para liberação e manutenção de crédito em conformidade com as melhores práticas de gestão do mercado, amparados por uma Política de Sustentabilidade e por uma Política de Gerenciamento de Riscos Sociais, Ambientais e Climáticos”.
Já o Banco da Amazônia informou que adota uma postura rigorosa, não concendendo crédito rural a empreendimentos localizados em imóveis rurais com embargos de órgãos ambientais e que utiliza dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite para monitorar e avaliar o desmatamento. “Esta política visa garantir que nossos financiamentos não contribuam para a degradação ambiental, especialmente em Áreas de Proteção Permanente (APP), matas nativas ou áreas de reserva legal”.
A íntegra das respostas dos cinco bancos pode ser lida aqui. Os demais bancos foram procurados, mas não retornaram aos questionamentos da reportagem...