Brasil: Fontes denunciam intervenção de Carlos Bolsonaro na compra de aparelho espião para diminuir o poder das Forças Armadas na Inteligência
“Carlos Bolsonaro intervém em compra de aparelho espião e cria crise militar”, 19 de maio de 2021
...Uma licitação para a aquisição de uma ferramenta de espionagem expôs a disputa entre o alto comando militar e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho "02" do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Diferentemente de editais semelhantes lançados em outras ocasiões, desta vez órgãos oficiais de investigação que seriam beneficiados diretamente pela ferramenta, como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), não estão envolvidos nas tratativas. A licitação em questão é a de nº 03/21, do Ministério da Justiça, no valor de R$ 25,4 milhões, prevista para acontecer nesta quarta-feira (19). O objetivo é contratar o avançado (e polêmico) programa de espionagem Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group. O Pegasus já foi usado para espionar celulares e computadores de jornalistas e críticos de governos ao redor do mundo...Segundo fontes ouvidas pelo UOL sob a condição de não terem seus nomes e cargos revelados, o político carioca tenta diminuir o poder dos militares na área de inteligência. Para tanto, articulou junto ao novo ministro da Justiça, Anderson Torres, para excluir o GSI da licitação. O órgão, que é responsável pela Abin, é chefiado pelo general Augusto Heleno e tem muitos militares em seu quadro. De acordo com as mesmas fontes, o objetivo final de Carlos Bolsonaro é usar as estruturas do Ministério da Justiça e da PF (Polícia Federal) para expandir uma "Abin paralela", na qual tenha grande influência. O UOL procurou o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, mas não obteve resposta oficial…A pasta disse ainda que "a referida licitação não tem nenhuma relação com o sistema Pegasus"...Há o entendimento na ala militar de que o Pegasus possibilita a invasão de celulares e computadores sem indicar o responsável pelo acesso…[S]e adquirido, o Pegasus permitirá o monitoramento de pessoas e empresas sem decisão judicial. Ou seja: o uso da ferramenta dependerá apenas do senso ético de quem controlará o sistema…[A]...constante atuação de Carlos Bolsonaro na gestão do pai pode ser classificada como "inadequada" e até mesmo configurar um crime de responsabilidade...